Certamente já ouviram falar de E.T, o videojogo para a Atari 2600 que
frequentemente recebe a culpa de quase ter arruinado a indústria dos
videojogos na década da 80. O jogo foi considerado tão mau que, a Atari
não conseguiu vender todas as cópias e viu-se obrigada a enterrar as
unidades excedentes no deserto, um mito que se tornou realidade e até
gerou um documentário.
Mas esta é a perspectiva de quem está de fora. Agora, Howard Scott
Warshaw, o designer que trabalhava na Atari e que aceitou a tarefa de
criar o jogo em apenas 6 semanas, publicou a sua perspectiva da história
num artigo no , revelando a experiência de trabalhar na Atari naquela
época.
O designer conta que na sua entrevista de emprego para entrar na
Atari quase que não era contratado, aparentemente porque estava vestido
de forma demasiado formal (e a Atari tinha ambiente cool).
Depois de convencer o entrevistador, com um corte de 20 porcento no
salário, Warshaw começou a trabalhar na Atari e apareceu-se do que se
passava por detrás das portas, descrevendo um cenário semelhante às
cenas do filme Wolf of Wall Street.
"Tínhamos uma equipa de segurança intensa, que tinham ordens para
manter a polícia afastada do edifício. Fizemos muitas coisas por detrás
daquelas paredes. Existia muito consumo de substâncias, e havia
actividades loucas e barulhentas," disse Warshaw. Uma vez um dos
programadores tentou subir uma parede e acabou por rachar a cabeça nos
extintores de incêndio.
Apesar deste ambiente de trabalho festivo, Scott Warshaw
destacou-se, com o jogo de Raiders of the Lost Ark. Entretanto, a Atari
estava a tentar negociar os direitos para fazer o jogo baseado no filme
E.T, e pagou um preço excessivo de $22 milhões. As negociações acabaram
tarde e havia pouco tempo para fazer o jogo, já que a Atari queria-o nas
lojas em Setembro, a tempo do Natal.
Embora o jogo seja considerado mau, na altura o designer sentiu-se
extremamente contente por conseguir fazer o jogo em seis semanas. Como
antes o feedback relativamente a videojogos se alastrava lentamente,
devido à inexistência da Internet, só mais tarde é que se espalhou o
consenso de que o jogo era mau. No seu excesso de confiança, a Atari
mandou fabricar 5 milhões de unidades, das quais apenas vendeu 1.5
milhões de unidades.
No entanto, Scott Warshaw não acredita que o seu jogo tenha sido o
culpado pelo falhanço da companhia, mas sim uma mudança na atitude.
Inicialmente a Atari fazia jogos divertidos, mas depois convenceu-se que
a diversão não importava, mas sim o marketing. Acreditando que
conseguia vender qualquer coisa devido à força do seu nome, prejudicou a
sua reputação entre os jogadores. Devido a esta atitude, e devido a uma
má gestão, os programadores começaram a sair da Atari. Alguns deles
depois formaram a companhia que hoje conhecemos como Activision.
Via: Eurogamer